Ainda que novidade no Brasil, a medicina integrativa está fundamentada em uma compreensão mais ampla do que é um indivíduo, para além do seu sintoma e para além, apenas, do seu corpo
A forma de abordar e compreender o corpo do ser humano, inegavelmente, foi alterada ao longo do tempo e, atualmente, observá-lo apenas a partir da ótica da especialidade já não é mais uma vantagem para o paciente.
É justamente a partir da perspectiva de que o corpo é muito mais do que apenas um sintoma que a medicina integrativa se desenvolve, buscando, por meio de seus fundamentos, a compreensão do corpo humano como algo mais complexo.
Conheça, hoje, um pouco mais sobre essa compreensão da medicina e como ela pode contribuir com o seu desenvolvimento clínico, levando atendimentos mais completos e mais complexos para seus pacientes.
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O que é medicina Integrativa?
A medicina integrativa, ou medicina funcional, preconiza que cada ser humano é único e que, portanto, não se pode tratar um corpo, distinto de qualquer outro corpo, da mesma maneira que é determinada pela medicina tradicional.
E isso, certamente, é inegável.
A partir da compreensão de que somos seres únicos, podemos também entender a forma como sintomas se manifestam de forma particular em cada pessoa, bem como a relação de doenças e problemas de saúde com hábitos específicos da vida de cada um.
Além disso, compreender como as questões do meio em que cada um está inserido, a forma que cada pessoa se alimenta, o nível de otimismo e a forma como cada um lida com suas emoções, é uma forma também que diferencia cada um de nós.
Assim, se somos tão diferentes, como poderíamos ser tratados, todos, de uma mesma maneira?
É, sobretudo, esse o ponto de partida da medicina integrativa: tratar um corpo de forma isolada, compreendendo-o como único.
Qual a importância da medicina integrativa?
A medicina integrativa se torna cada vez mais importante porque parte do pressuposto de que cada corpo tem suas especificidades, uma vez que cada vida humana, ainda que imersa em um mesmo meio social ou até mesmo em uma mesma casa, é única.
Assim, esse tipo de olhar se torna fundamental para o tratamento de saúde de um indivíduo, uma vez que se preconiza o entendimento do seu corpo de forma global, seja em seus aspectos físicos, emocionais, psicológicos, genéticos e fisiológicos.
Buscar a medicina integrativa é um passo a ser considerado sempre, seja em atendimentos de saúde mais generalistas, seja no acompanhamento de doenças mais graves.
Isso se faz importante porque além desse olhar “para o todo” e não “para a parte”, apenas, o atendimento também se faz mais humanizado, sendo isso parte do entendimento do que é o ser humano em seus aspectos também sociais.
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Quais são os princípios da medicina integrativa?
Os princípios da medicina integrativa estão associados a um olhar mais humanizado para cada paciente, compreendendo-o como um ser único, com sofrimentos únicos, derivados de uma vida que também é única.
Quando passamos a perceber a medicina dessa forma, ocorre uma verdadeira mudança em nossa postura profissional, que se torna mais ética, mais acolhedora e, sobretudo, menos reducionista.
Compreendemos, assim, o sintoma como um reflexo daquilo que o paciente é, de toda a sua complexidade e buscamos tratar não apenas o sintoma, mas o corpo, a mente, as emoções e o ambiente como um todo.
Dessa forma, os resultados da medicina integrativa têm uma resposta global, interferindo na qualidade de vida do paciente como um todo.
Isso tudo, obviamente, é realizado tendo como fundamento princípios científicos e evidências, que devem ser o cerne de qualquer tipo de atendimento médico.
Como funciona a medicina integrativa?
A medicina integrativa funciona através da compreensão que corpo e indivíduo não devem ser separados quando fazemos um atendimento médico e que cada corpo não é apenas um corpo, pois cada um carrega consigo suas histórias, sua família, suas experiências e tudo aquilo que deseja também para si.
Assim, o funcionamento da medicina integrativa se dá a partir da compreensão de que um atendimento médico também deve ser um atendimento que observa a vida em si de um paciente em todas as suas possíveis dimensões.
Quando observada dessa maneira, uma consulta baseada nesses princípios também pode abranger a família, o espaço em que o paciente está inserido, suas emoções, suas ansiedades, medos e até mesmo seu estado de ânimo frente ao momento de doença.
Assim, respaldada por conceitos científicos a respeito daquilo que é o corpo humano e o melhor tipo de tratamento que pode ser a ele ofertado, a medicina integrativa busca a restauração da saúde plena do indivíduo.
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Quais os principais benefícios da medicina integrativa?
Conheça, agora, quais são os principais benefícios desse tipo de atendimento e o que você pode oferecer para seus pacientes:
Melhor relação entre médico e paciente
Sem dúvida, quando observamos os preceitos da medicina integrativa, destaca-se a relação humanizada que se deve estabelecer entre um médico e um paciente, desde a primeira consulta até quando durar o acompanhamento clínico, seja para uma causa específica, seja para a saúde global.
A busca por oferecer um tratamento mais humanizado deve ser comum a todos os profissionais de saúde, sejam eles focados em medicina tradicional, sejam eles focados em aspectos mais integradores.
No entanto, quando se trata de um entendimento global do corpo, da mente, das emoções e do sintoma, há uma melhora considerável na relação entre médico e paciente, dado o entendimento global sobre o que é o indivíduo que o médico passa a carregar consigo e aplicar em seus atendimentos.
Métodos alternativos alinhados ao estado geral de saúde
Outro fato que entra em pauta quando se trata da medicina integrativa é que o especialista nessa vertente médica acaba também por expandir seus horizontes para outros tipos de tratamentos alternativos, que possam aumentar o grau de bem-estar do paciente.
Por meio desses tratamentos baseados em evidências científicas, pode-se conseguir a redução do quadro de estresse causado pela dor, melhorar a postura diante da dificuldade que a doença nos impõe, dentre outras soluções que acabam por vir à baila de uma clínica mais humanizada e integradora.
Além disso, o próprio especialista acaba por buscar apoio em colegas com outras compreensões sobre o corpo humano, em outras vertentes médicas e terapêuticas, criando um atendimento multidisciplinar muito mais efetivo do que aquele apoio isolado seria possível de proporcionar.
Respeito às vontades e limitações do paciente
O respeito à vontade que o paciente coloca para o médico, bem como as suas limitações também é um dos aspectos dessa vertente de atendimento, que visa buscar o equilíbrio entre a busca pelo tratamento do corpo e aquilo que é de vontade, de fato, do paciente.
Isso diz respeito à busca por analgesias, por tratamentos que sejam menos ou nada invasivos, por diminuição do quadro de sofrimento do paciente ao invés da ideia de que o corpo, apenas por ser um corpo, deve ser curado, tratado e investigado, independente daquilo que seja manifestado pela pessoa que habita aquele corpo ou mesmo por sua família.
Parte da medicina integrativa acaba por ser responsável pela visão de que o médico tem sim de buscar levam bem-estar e saúde para seu paciente, sem negligenciar suas dores ou doenças.
No entanto, essa missão não deve se sobrepor à vontade esclarecida e manifestada por aquela pessoa que vive dentro daquele corpo e que é, portanto, de direito sobre ele.
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Melhora do bem-estar geral do paciente
Essas medidas, quando assumidas de forma conjunta pelo médico, acabam por elevar o bem-estar do paciente, que deve ser, certamente, o principal objetivo de qualquer intervenção que se possa fazer, do uso de qualquer tipo de medicamento e de qualquer outra ferramenta que o médico possa vir a utilizar no tratamento.
Outra camada do bem-estar do paciente também está relacionada com o respeito por suas vontades e decisões esclarecidas, o que permite que cada um possa participar de forma ainda mais intensa e responsável da sua própria saúde, o que deve ser pautado pela comunicação franca e de fácil entendimento.
Essas iniciativas acabam por, conjuntamente, estabelecer uma relação de generosidade, respeito e acolhimento por parte do médico e do paciente, melhorando, como um todo, o tratamento médico.
Como implementar a medicina integrativa na sua clínica ou consultório?
A medicina integrativa, por si, é uma especialidade médica e, para que você possa implementá-la, além dos preceitos que discutimos a respeito dessa modalidade de atendimento médico, será necessária também uma especialização.
Esse formato, no entanto, não requer residência médica, podendo ser realizada a especialização em uma universidade ou faculdade de sua confiança.
Como se especializar em medicina integrativa?
A especialização em medicina integrativa é um curso lato sensu, isto é, se trata de um curso universitário que forma um especialista.
Para tanto, é necessário que o estudante tenha se graduado em medicina e feito sua residência médica para, então, estar apto a participar desse tipo de curso de especialização.
O médico deve ser, portanto, capaz de fazer o receituário de medicamentos, prescrever exames e terapias complementares, bem como compreender o funcionamento do corpo humano e suas afecções para, então, poder se especializar em medicina integrativa.
Vale também frisar que é fundamental que a sua compreensão tanto sobre o corpo humano quanto sobre o que é a relação médico-paciente estejam alinhadas aos princípios da medicina integrativa, sobretudo porque, dessa forma, o profissional poderá realmente aproveitar a sua jornada educacional e formativa, levando o melhor para seus pacientes.
Melhores cursos de medicina integrativa
O profissional que tenha, então, simpatizado com essa área de especialização em medicina, poderá encontrar bons cursos nas seguintes universidades, faculdades e centros educacionais:
Universidade de Uberaba
O curso de medicina integrativa na Universidade de Uberaba tem a duração de 438 horas-aula, e tem a sua ementa baseada na formação para a busca do bem-estar e da cura do ser humano em todas as suas dimensões, que são nomeadas como biológicas, psicológicas, sociais e espirituais.
A especialização é feita em regime presencial, com a titulação de especialista e o turno é multiperiódico.
Instituto Israelita Albert Einstein
Com mais de 700 alunos já formados e atuantes tanto no Brasil quanto no exterior, o Instituto Israelita Albert Einstein busca formar profissionais que tenham restabelecidas as conexões entre o autocuidado e as práticas da medicina integrativa, com a natureza, com os princípios sociais e ecológicos.
O curso tem caráter presencial, com carga horária total de 360 horas, em que se discutirão as práticas baseadas em evidências, manejo do estresse e recursos de autocuidado, empreendedorismo médico e conectividade, processos de comunicação em saúde, o corpo, a criatividade e a consciência e, por fim, natureza e saúde.
Mercado de trabalho na medicina integrativa
A área de atuação do profissional que opta pela formação em medicina integrativa é bastante rico e diverso, sendo essa uma das especializações médicas que estão em alta e que dispensam residência médica.
Além de consultório próprio, a medicina integrativa cabe em clínicas multi especializadas, bem como em hospitais e centros médicos.
Atuando como protagonista do acompanhamento de saúde de pessoas com questões de saúde diversas, o médico integrativo pode auxiliar seus pacientes na busca pela qualidade de vida, orientando seu tratamento com a contribuição de seus colegas de outras especialidades, bem como de fisioterapeutas, psicólogos, assistentes sociais, psicopedagogos entre muitos outros.
Assim, a medicina integrativa acaba por ser uma das áreas médicas que não só enxergam o corpo do paciente em sua totalidade como, sobretudo, buscam por integrar outras especialidades médicas na promoção da saúde humana.
Conclusão
A medicina integrativa é uma especialização médica que tem por objetivo formar profissionais que possam compreender o corpo humano em sua totalidade, para além do sintoma físico, somente.
O profissional que busca essa formação, reconhecerá seu paciente para além do corpo físico, mas em suas dimensões sociais, psicológicas, biológicas e espirituais, promovendo, portanto, saúde em seus aspectos multidimensionais de cada indivíduo.