Cronobiologia

Cronobiologia: Saiba Tudo Sobre Seu Relógio Biológico!

23/10/2023

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A cronobiologia pode determinar nossa saúde como um todo. Compreenda os ritmos que regulam nossa vida, saiba tudo sobre relógio biológico e melhore sua saúde.

A cronobiologia determina os ritmos da nossa vida.

Se sentimos sono, se nos sentimos dispostos, com fome ou apáticos, certamente a cronobiologia tem a ver com tudo isso.

Entenda como modificar os ritmos da nossa vida pode influenciar positivamente na nossa saúde!

O que é cronobiologia?

A cronobiologia é uma área fundamental para a compreensão da nossa saúde.

Ela estuda os ritmos biológicos do nosso corpo que ocorrem periodicamente.

Essa recorrência dos fenômenos que ocorrem no nosso corpo podem ser ou não medidas temporalmente (em horas, meses, minutos ou qualquer outra unidade de medida).

Ainda, podem ter ou não uma correspondência ambiental, tal como dia e noite, estação do ano, ciclo de maré ou fase da lua.

Os ritmos biológicos, ou a cronobiologia, podem acontecer em várias frequências e ao mesmo tempo.

Temos, para compreender melhor, três frequências: as cicardianas, infradianas e ultradianas.

Os primeiros estudos relacionados ao relógio biológico datam do século XVIII, quando o homem começou a perceber que havia uma certa regularidade em relação ao que acontecia em seu corpo.

No entanto em 1960, em evento chamado Cold Spring Harbor Symposium of Quantitative Biology – Biological Clocks, estabeleceu-se a cronobiologia como uma ciência e foram definidas as citadas frequências.

Qual o tema de estudo da cronobiologia?

A cronobiologia tem como objeto os nossos ritmos biológicos e também os chamados relógios biológicos, que acabam por gerar o ritmo da nossa vida.

Os ritmos biológicos têm grande influência sobre diversas variáveis do nosso corpo, tais como moleculares, fisiológicas, bioquímicas e até mesmo comportamentais.

Através dessa ciência, podemos compreender como e de que forma a regularidade dos eventos físicos podem afetar a nossa vida, tal como dormir à noite, acordar pela manhã e outros eventos desse tipo.

O que são ciclos circadianos, infradianos e ultradianos?

Podemos compreender nossos ritmos biológicos a partir de três grupos. São eles:

  • Circadiano

Representam um período de mais ou menos 24 horas e se repetem a cada 24 horas.

Os ciclos circadianos regulam, por exemplo, nosso período de atividade e de repouso, o que tem enorme influência sobre o nosso perfil hormonal, bem como na temperatura do corpo.

  • Infradianos

Os ciclos infradianos, diferentes daqueles ciclos circadianos, ocorrem em períodos superiores a 28 horas.

Esses ciclos são determinantes para a reprodução dos animais, para o ciclo menstrual da mulher, para as estações do ano e até mesmo para os ciclos lunares.

  • Ultradianos

Com duração menor do que 20 horas, os ciclos ultradianos são responsáveis por regular o perfil hormonal determinado pelo hipotálamo, regulando também a fome, a sede e também a temperatura do corpo.

Em nosso sono, os ritmos ultradianos também regulam as fases que compõem um ciclo de sono.

Já em nosso período de vigília, é capaz de regular os períodos de atenção, de descanso e até de sonolência.

A importância do entendimento dos ritmos circadianos

Os ritmos circadianos são aqueles que permitem que o nosso corpo se prepare para todas as mudanças ambientais que ocorrem com regularidade.

Por exemplo: com a vinda do inverno e com as baixas temperaturas, os animais precisam acumular gordura para que possam sobreviver a esse período, até que o calor retorne.

O que determina o comportamento do corpo, que busca por acumular energia para se preparar para as mudanças, que o corpo mesmo antecipa, é, portanto, o ciclo cicardiano.

Ao considerarmos a nossa evolução, talvez tenha sido justamente aqueles exemplares com melhor ajuste do ciclo circadiano os que perpetuaram seus genes, deixando seus descendentes em vantagem seletiva.

Em relação à nossa saúde, o ritmo biológico também é de grande valor para a manutenção das funções vitais do nosso corpo.

Por exemplo, quando tomamos um medicamento, o intervalo do tempo entre cada dose é guiado também pelo ritmo circadiano. Regulado assim, o fármaco é criado para ter maior efetividade.

Já em relação ao sono, é possível colocar na conta dos ritmos circadianos os nossos períodos de vigília e de sonolência.

Isso se deve, sobretudo, à forma como o período iluminado do dia acaba por interferir na ativação do nosso sistema reticular, que é o que nos permite ficar em um estado de consciência mais perene.

Dessa maneira, podemos perceber a importância de conhecer a cronobiologia e a influência do ciclo circadiano em nossa vida, em como ele acaba, também, por determinar a nossa existência.

Entender como ele funciona, portanto, nos ajuda a tratar questões relacionadas ao sono, à doenças crônicas, como diabetes, e ainda problemas de fundo emocional.

Quais são as aplicações da cronobiologia na vida cotidiana?

Atualmente, dormimos menos, estamos sujeitos, muitas vezes, ao trabalho em diferentes turnos, sofremos com as horas de vigília que avançam pela noite.

Isso tudo, de alguma maneira, desregula nossa cronobiologia, favorecendo o surgimento de doenças relacionadas ao nosso sistema digestivo, metabólico e emocional.

Mas o que podemos fazer em relação a isso, a fim de nos mantermos mais saudáveis e com uma melhor qualidade de vida, visto que não podemos alterar completamente nossas rotinas?

Embora não seja possível retornar a um estado mais natural – em que deveríamos, por exemplo, tirar uma soneca após o almoço ou ter vários turnos de sono durante o dia -, podemos criar hábitos mais regulares.

Isso quer dizer:

  • Dormir sempre nos mesmos horários;
  • Despertar nos mesmos horários e ter um tempo predeterminado para a exposição à luz solar;
  • Fazer exercícios sempre nas mesmas horas e com regularidade;
  • Comer também sempre nos mesmos horários.

Essas medidas, embora não forjem, por si só, um novo ritmo circadiano, podem determinar novas formas de lidar com o corpo, criando, também, novos hábitos.

Quando levamos essas informações ao nosso médico, temos ganhos em relação, por exemplo, à aplicação de remédios para o controle da pressão ou do diabetes, uma vez que nosso corpo têm funções específicas e em horários específicos.

Assim, evitamos hipoglicemias ou hipotensões, da mesma forma que podemos tratar hiperglicemias ou hipertensões.

Essa compreensão do corpo e do ciclo circadiano, acaba por estabelecer, cientificamente, novas áreas de estudo, como a cronofarmacologia e a cronoterapêutica, responsáveis por compreender essas interações e tratá-las de forma adequada.

Como a cronobiologia se aplica à saúde?

Existem diversas formas de compreender a cronobiologia através da saúde do corpo humano.

Hoje é possível compreender a cronobiologia aplicada à área da saúde a partir de duas novas vertentes científicas:

  • Cronopatologia

É o estudo dos efeitos do ritmo circadiano sobre a nossa saúde e, sobretudo, sua relação com o surgimento de doenças.

Um dos exemplos que pautam esse estudo é a forma como a ciência percebeu que às 3h temos os menores níveis de tensão; como as nossas células da epiderme se dividem em seu máximo potencial meia-noite ou como a asma tende a piorar às 4h.

Com base nessas informações, podemos programar o uso de medicamentos para que tenham seu pico de efeito nesses horários, recebendo seus benefícios.

  • Cronofarmacologia

Andando juntamente com a cronopatologia, temos a cronofarmacologia.

Por sua vez, essa área de estudo busca compreender como os medicamentos podem se tornar mais tóxicos ou mais eficazes a partir do ritmo circadiano.

Com base nas pesquisas que tratam sobre o pico da efetividade de um determinado fármaco, podemos regular de forma correta o horário de tomá-lo.

Assim, temos maiores benefícios em relação também com o momento em que o problema a ser tratado tem seu maior pico de piora.

Como o profissional da saúde pode levar a cronobiologia para prática médica?

Quando a cronobiologia entra no consultório, devemos oferecer todas as informações à equipe médica, a fim de que se possa compreender de forma mais ampla nosso ciclo circadiano.

Podemos, para isso, levar ao nosso médico um registro dos momentos de sono e também dos momentos de vigília, bem como algumas tomadas de temperatura ao longo do dia e da noite.

Diante dessas informações é possível contribuir com a leitura da nossa cronobiologia, por parte do médico, e ainda refletirmos a respeito dos nossos hábitos de vida.

Dessa forma, participamos ativamente do nosso próprio tratamento médico, auxiliando, também, o médico a traçar um melhor diagnóstico e prognóstico da nossa saúde.

Esses benefícios relacionados à compreensão do ritmo circadiano podem ser notados, sobretudo, quando o médico formula nossa medicação tendo em vista a cronofarmacologia.

Indivíduos diurnos versus noturnos

Quando analisamos os ritmos circadianos e a cronobiologia, como um todo, de cada indivíduo, notamos que eles não são iguais.

Alguns indivíduos tendem a ser mais diurnos, enquanto outros têm maior produtividade à noite.

Portanto, não podemos assumir que todas as pessoas devem ser tratadas da mesma maneira, com os mesmos horários para tomar medicamentos ou mesmo com os mesmos medicamentos.

Sobretudo porque os ritmos circadianos estão correlacionados com a iluminação natural que os indivíduos recebem e, naturalmente, quanto menos tempo acordado durante o dia, menor essa incidência de luz natural percebida.

Isso também pode ser percebido quando estamos em um local diferente, seja um hotel, uma nova casa ou um quarto de hospital.

Como a incidência da luminosidade natural tende a mudar, também mudamos, ainda que pouco significativamente, nosso perfil de sono.

O mesmo acontece quando estamos enfrentando alguma doença, que provoca dor intensa, afetando nosso conforto e bem estar.

Diante de tantas intercorrências e de anos de análises, podemos compreender como as doenças podem afetar mais ou menos indivíduos, a depender se são noturnos ou diurnos.

Por exemplo, uma pessoa diurna tem mais chance de ter um infarto do miocárdio, que é um evento que costuma ocorrer mais pela manhã.

Essas intercorrências estão correlacionadas à cronobiologia e podem também servir como base para a organização hospitalar.

Por exemplo: em um CTI, é normal que se intensifique a observação de pacientes cardíacos logo pela manhã, uma vez que a variação circadiana pode ocasionar o desencadeamento de um infarto.

Isso acontece, sobretudo, porque é pela manhã que o corpo recebe mais cortisol e mais adrenalina, que são os hormônios responsáveis pelo nosso despertar.

É por isso que pela manhã a pessoa hipertensa tende a ter maiores picos de pressão alta e, portanto, deve receber suas medicações.

O relógio biológico e o desenvolvimento de hábitos saudáveis

A cronobiologia é fator determinante para compreendermos boa parte das respostas do nosso corpo àquilo que impomos a ele durante o dia.

Por exemplo: quando fazemos atividade física à noite, deixamos de aproveitar os hormônios cortisol e adrenalina, que inundam nosso corpo pela manhã.

Assim, é natural que deixemos de sentir, à medida que o tempo passa, os resultados desse exercício.

Se estamos buscando a perda de peso, é fundamental que regulemos nossas atividades ao nosso ritmo circadiano.

Dessa forma, alcançamos melhores resultados em relação às nossas práticas.

Ajustando nossos horários para ver TV, ler, comer e até mesmo para trabalhar, também podemos ajustar nosso ciclo de sono, dormindo melhor e, portanto, nos livrando também da insônia.

Para isso, a explicação chega a ser simplória: quanto mais o índice de luz ao qual nos expomos, mais nosso corpo tende a compreender que devemos ficar despertos.

Com isso, nossa dificuldade para dormir se acentua ainda mais, nos levando a um quadro complicado de insônia.

Ao passo que, se desligamos as fontes de iluminação, direta ou indiretamente, acabamos por ter ganhos significativos em relação à produção dos hormônios que induzem ao sono.

Conclusão

A cronobiologia tem um papel fundamental em nossa saúde, comportamento, bem estar e, sobretudo, qualidade de vida.

Quando vamos tratar alguma condição de saúde, é muito importante observamos com bastante atenção nossos ritmos circadianos, sobretudo, para que possamos regular a utilização de medicamentos a partir dos nossos horários de sono e vigília.

É por isso que dormir bem, nas horas adequadas, acaba por influenciar em toda a nossa saúde.

Ainda mais porque durante o sono produzimos hormônios fundamentais para que possamos viver bem, adequando também nossos horários de acordar, fazer exercícios e nos alimentarmos adequadamente.

Quando você não dorme bem, naturalmente você também não produz hormônios em quantidades adequadas, fazendo com que a sua saúde também fique em risco.

Se você sofre com problemas que afetam o sono, como apneia obstrutiva do sono, que tal buscar tratamento para essa condição? Assim você perceberá a melhora da sua saúde como um todo!

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