Balanço hídrico: O que é, importância e como fazer
O balanço hídrico corporal é um parâmetro essencial para que uma equipe médica possa avaliar com segurança e de forma mais eficaz o estado de saúde geral de um paciente, assumindo posturas e realizando procedimentos a fim de assegurar a boa saúde
Introdução
O balanço hídrico corporal é um parâmetro essencial para que possamos observar a saúde de um paciente, bem como fazer o seu planejamento medicamentoso.
Quando há um equilíbrio perfeito em relação à quantidade de líquidos que ingerimos – seja por via venosa, seja por via oral – e à quantidade de líquidos que perdemos, assumimos que essa é uma condição ideal e que, portanto, deve ser buscada.
A seguir vamos tratar especificamente de estratégias para que possamos sempre estabelecer parâmetros ideais em relação ao balanço hídrico e, ainda, explorar as melhores formas de quantificá-lo.
O que é balanço hídrico?
Quando se trata do corpo humano e da saúde humana, de forma geral, assumimos que a ingestão de líquidos é essencial para que o corpo se mantenha sempre saudável e íntegro.
No entanto, nosso corpo tem um limite para que os líquidos sejam processados pelos nossos rins e, posteriormente, despejados pela urina.
Quando há qualquer desequilíbrio na quantidade de líquidos que ingerimos e a quantidade de líquidos que expelimos, nosso corpo acaba por ter uma sobrecarga renal que pode representar riscos para a nossa saúde.
Em ambiente doméstico, observar a quantidade de líquidos que expelimos pode ser bastante desafiador, mas, em ambientes hospitalares é essencial que a equipe médica e de enfermagem redobrem a atenção em relação ao balanço hídrico, sobretudo porque ele pode ser essencial para que o paciente possa receber um bom atendimento clínico.
Qual a importância de fazer balanço hídrico?
Sem dúvida, conferir o balanço hídrico de um paciente pode fazer com que a equipe médica possa se antecipar em relação a eventos que podem comprometer a saúde de um paciente.
É importante destacar que tanto o excesso de líquidos quanto a perda de líquidos de forma desequilibrada pode fazer com que o paciente tenha piora em seu quadro clínico.
Em muitos momentos em que há essa piora no quadro clínico de um paciente, de forma que esteja relacionada diretamente com esse desequilíbrio hídrico, intervenções cirúrgicas podem ser necessárias, além de ocasionar também um maior tempo de internação em hospital.
O que pode afetar o balanço hídrico de um paciente?
Algumas situações se destacam como aquelas que mais podem prejudicar o balanço hídrico de um paciente, tanto aquelas que consideramos como positivas quanto aquelas que consideramos como negativas.
A diminuição de líquidos pode ser causada por vômitos, diarréias, episódios de sudorese intensa e, ainda, em situações em que a doença causadora desses episódios se estender por um tempo que tende a debilitar com gravidade o quadro de saúde do paciente, tal como malária ou dengue.
Já o excesso de líquidos pode ter como mecanismo desencadeador complicações ligadas ao funcionamento adequado do aparelho renal, bem como com complicações ligadas ao funcionamento do aparelho urinário.
Nessas situações pode ocorrer inchaço, sensação de mal estar constante e complicações decorrentes da vascularização do paciente.
Como calcular o total em balanço hídrico?
Para que se possa calcular o total em balanço hídrico, é fundamental analisar de forma preliminar se houve ganho ou perda de líquido, sobretudo ao considerarmos a anamnese do paciente e sua queixa preliminar, quando possível.
Quando constata-se que há ganho, é fundamental estabelecer um mecanismo de controle de tudo aquilo que o paciente ingeriu, seja por via oral, seja por via intravenosa.
A partir deste controle – que deve ter data e horário, bem como o tipo de vazão e sua quantidade -, é possível também compreender o estado do paciente, se houve ou não uma boa aceitação dos líquidos.
Deve-se também levar em conta a dieta enteral através de bomba de infusão.
Diferente disso, quando há perda, é essencial que a tabela de anotações registre dados que tratam da origem da perda, tal como aquela em que ocorre perda por sondagem vesical.
Mantenha um registro rigoroso, a cada duas horas, da diurese que está presente na bolsa, ou aquela que é proveniente de drenos. Em caso de perda via oral (por vômito, portanto), deve se registrar também como uma ou várias perdas ao final do plantão, ainda que não sejam elas quantificáveis.
De posse dos dados de ganhos e perdas, o cálculo deve ser feito da seguinte forma:
Volume de ganhos (ml) – Volume de perdas (ml)
Em casos em que o paciente ingeriu, na soma de todas as fontes, 1500 ml, mas apresentou perda de 900 ml, teremos como resultado 600 ml, o que indica que o balanço hídrico do paciente no período analisado é positivo.
Tabela de balanço hídrico para enfermagem
A tabela de balanço hídrico para enfermagem é um guia que determina se o balanço hídrico de um paciente pode ser tomado como positivo ou negativo.
No entanto, é essencial frisar que só é possível mensurar o balanço hídrico, seja ele qual for, a partir da tomada e do controle de dados precisos do dia a dia de um paciente, com todos os líquidos que ele ingere, pelos mais diversos meios, e tudo aquilo que representa perda também em suas mais diversas formas.
Veja a seguir um modelo simplificado de uma tabela de balanço hídrico para enfermagem:
No entanto, é essencial frisar que só é possível mensurar o balanço hídrico, seja ele qual for, a partir da tomada e do controle de dados precisos do dia a dia de um paciente, com todos os líquidos que ele ingere, pelos mais diversos meios, e tudo aquilo que representa perda – também em suas mais diversas formas.
No decorrer do dia, a equipe de enfermagem pode fazer as diversas anotações pertinentes à forma de ingestão de líquidos, entre seus mais diversos tipos, bem como, as anotações pertinentes às perdas de líquidos.
Registrando a cada período de dia as parciais, também é possível fazer um cálculo ainda mais realista da situação de saúde geral do paciente.
Em algumas tabelas também é possível encontrar os sinais vitais do paciente, sendo essa uma forma de controle muito mais precisa e fidedigna do estado de saúde geral do paciente.
O que pode ser considerado ganho em balanço hídrico?
Quando se trata de balanço hídrico, tudo aquilo que é adicionado ao corpo de um paciente, seja em que meio for, pode ser considerado ganho.
Portanto, podemos assumir que sangue, plasma, plaquetas, soro fisiológico, chás, sopas, água, medicamentos, drogas sedativas, drogas vasoativas, sucos podem ser considerados ganhos.
Ganho não é, necessariamente, aquilo que se ingere via oral e, tampouco, somente aquilo que se aplica no corpo do paciente através do soro.
O que pode ser considerado perda em balanço hídrico?
Diferente daquilo que pode ser considerado ganho, quando se trata de perda em balanço hídrico temos de compreender que tudo aquilo que se elimina do corpo pode ser assim entendido.
Portanto, podemos assumir que a urina, os fluidos expelidos através do dreno ou da bolsa de coleta, fezes em formato líquido ou em estado semilíquido, vômitos, linfa, sudorese ou outras secreções em seus mais diversos meios podem ser consideradas perdas.
É importante destacar que todas as perdas intestinais, de alguma forma, contém líquidos, mas apenas aquelas que se encontram mesmo em estado líquido ou semilíquido são assim consideradas quando estamos fazendo o registro do balanço hídrico do paciente.
Quem deve fazer o balanço hídrico nos pacientes?
Embora todo profissional da saúde deva ter conhecimentos a respeito do registro e da importância do balanço hídrico de um paciente, cabe ao técnico de enfermagem, normalmente, a atribuição de anotar todas as medicações que foram administradas aos pacientes, bem como o horário e o método.
Da mesma forma, cabe também a este profissional a tomada dos dados pertinentes à dieta do paciente, os horários em que se alimentou, a quantidade, se houve boa ou má aceitação da alimentação proposta.
Por fim, a anotação sobre as perdas, seja pelo meio em que ocorreram, também cabe a este profissional, que deve, ao fim de cada período de trabalho, fazer o cálculo parcial das suas anotações.
Quando promover o balanço hídrico negativo?
O balanço hídrico negativo deve ser proposto e promovido sempre que houver choque, seja ele causado por sepse ou não.
Para uma recuperação mais rápida e redução de complicações que estão relacionadas também com um maior índice de mortalidade, o balanço hídrico deve ser estabelecido logo após que se encerra o protocolo de expansão volêmica (através do balanço hídrico positivo), fazendo a administração de soluções salinas e de drogas vasopressoras.
Em outras situações mais corriqueiras e relacionadas, sobretudo, com uma internação de tempo mais elevado, é essencial promover o balanço hídrico negativo sempre que inchaços são notados nas extremidades dos pacientes, como mãos e pés.
Quando em casos de complicações renais, é essencial que todo manejo referente ao balanço hídrico negativo de um paciente seja planejado e acompanhado de forma muito rigorosa pelo nefrologista responsável pelo paciente, uma vez que as complicações relacionadas à sobrecarga dos rins podem atrasar o tempo de recuperação de um paciente ou levá-lo a mais complicações clínicas.
Da mesma forma, quando se identifica maior índice de secreção pulmonar (sobretudo aquela identificada em drenos) é essencial que o primeiro planejamento de intervenção clínica também preveja o balanço hídrico negativo, como uma forma de prevenir um aumento das secreções e uma complicação de ordem respiratória ainda mais intensa.
Quando promover o balanço hídrico positivo?
O balanço hídrico positivo deve ser realizado nas etapas iniciais do tratamento para sepse, que começam na admissão do paciente.
Nessa primeira fase, é essencial que o paciente receba uma expansão volêmica para que sua taxa de sobrevida seja alta e a sua recuperação seja mais breve.
Após receber a expansão volêmica, se introduz o balanço hídrico negativo, com uma maior inserção de soluções salinas no programa medicamentoso.
Já em relações mais relacionadas com o cotidiano da assistência de saúde, o balanço hídrico deve ser administrado em pacientes com alta taxa de desidratação pelas mais diversas causas, bem como naqueles pacientes que estão sofrendo com doenças como a malária ou dengue, como uma maneira de prevenir a desidratação.
Em pacientes que perderam um grande volume de sangue, o balanço hídrico positivo também deve ser realizado por meio da introdução de sangue, plaquetas ou plasma.
Balanço hídrico deve ser feito também na pediatria?
Sim!
O balanço hídrico é uma ferramenta de monitoramento da saúde humana e deve ser utilizada a fim de que situações de saúde possam ser acompanhadas e, ao menor sinal de complicações, rapidamente sanadas ou evitadas.
Em crianças, de forma mais particular, a evolução pode se dar de forma ainda mais rápida e intensa, sendo ainda mais fundamental que todo o acompanhamento seja realizado de forma muito atenciosa por parte das equipes de assistência de saúde.
Conclusão
O balanço hídrico deve ser acompanhado de forma sempre muito rigorosa por equipes de assistência à saúde.
Quando positivo, o balanço hídrico trata de uma maior ingestão de líquidos do que a sua eliminação e, por conta disso, deve ser levado em conta qual o procedimento para a realização de um balanço hídrico positivo, a fim de neutralizar a situação clínica.
Da mesma forma, quando o balanço hídrico de um paciente se torna negativo, representa o fato de que ele está eliminando mais líquidos do que ingerindo-os, se tornando também fundamental a normalização do quadro para que um quadro de desidratação, por exemplo, não seja instaurado.